Neste artigo, o ex-CTO da Universal Robots, Esbern Ostergaarn discute as razões para o desenvolvimento da robótica no mundo moderno.
Neste artigo, o ex-CTO da Universal Robots, Esbern Ostergaarn discute as razões para o desenvolvimento da robótica no mundo moderno.

Artigo originalmente publicado por Esben H. Østergaard, ex-CTO da Universal Robots e um dos responsáveis pela melhoria e aprimoramento dos robôs existentes, sendo um dos fundadores da empresa.
O conceito “Dull, Dirty, Dangerous and Dear” descreve as tarefas que queremos ver realizadas por robôs, mas deixar que essas máquinas façam o trabalho não significa que iremos sentar de maneira preguiçosa e apenas ver.
Significa que ganhamos uma nova ferramenta e uma nova realidade; o robô é a ferramenta do homem para uma vida melhor e menos mecânica.
A história de pessoas trabalhando com robôs é a história do conflito da humanidade por um mundo melhor. Nesse contexto, a palavra “robô” tem tanto um lado sombrio quanto um lado iluminado, medo do desconhecido e um enorme potencial.
É fácil se intimidar pelo desenvolvimento acelerado em robótica. Robôs são regularmente categorizados como vilões enquanto a tecnologia corre solta na ficção científica com inimigos robóticos buscando a dominação mundial.
Fato rápido: o robô não é um ser consciente. Nem sequer é possível criar um. Robôs são o que construímos para serem, e fazem o que programamos - nem mais nem menos. Mas isso não nos impede de antropomorfizá-los.
Aqui na Universal Robots, nós vemos de maneira inofensiva quando os usuários dão nomes aos seus braços robóticos colaborativos. O que na realidade é uma ferramenta útil e avançada de tecnologia, para alguns é chamado José, Rodrigo, Fernando, Amanda etc.
Ao mesmo tempo, novos tipos de robôs entram no mercado enquanto a tecnologia entra em aceleração contínua; os cortadores de grama, carros, máquinas de café, aspiradores de pó e outros eletrodomésticos estão ficando cada vez mais desenvolvidos através de “sensores” inseridos, o que fornece autopropulsão a eles.
Quanto mais os robôs se inserem em nossas vidas, mais fácil fica se sentir confortável ao redor deles. Quando a versão automatizada de um produto não tem mais o termo “robô” ou “robótico” associado, nós sabemos que essa tecnologia é a norma, não mais a exceção.
Não é mais um aspirador de pó robótico, apenas um aspirador de pó (que por consequência possui uma tecnologia de sensores automatizados).
Eu desenvolvia robôs antes de começar a faculdade. Aos 41 anos, a interação com mecânica, eletrônica, software e robótica ainda ocupa a maior parte das minhas horas do dia. E eu não sou o único. No ano 300 a.C, os romanos construíram a primeira máquina de lavar.
A palavra robô deriva do tcheco “robota”, que significa “servidão”, ou de “robotnik” que significa “escravo”. A palavra foi usada pela primeira vez em 1921 pelo escritor Karel Čapek em sua peça Robôs Universais de Rossum (ou Rossum’s Universal Robots).
Quando eu e dois pesquisadores amigos fundamos nossa empresa dinamarquesa em 2005, era óbvia a escolha do nome Universal Robots. Nosso objetivo era desenvolver um novo tipo de braços robóticos universais e flexíveis focados em manufaturas de pequeno e médio porte.


Em junho de 2015, a companhia foi comprada por 285 milhões de dólares. Eu poderia, em princípio, sentar e não fazer nada o resto da minha vida, mas minha curiosidade, meu desejo de criar e minha habilidade de ter constantemente novas ideias garante que isso não irá ocorrer.
Minha necessidade de pôr em prática essas ideias é mais forte que a de uma vida de tranquilidade.
Eu acredito que isso esteja no DNA de todos. Nós desenvolvemos equipamentos, ferramentas e máquinas mais ou menos automatizadas para sentarmos em nossos sofás enquanto essas máquinas fazem todo o trabalho, mas o conforto desse estado é temporário e rapidamente substituído por outro poder humano: ambição.
Dois outros fatores nos movem.
Primeiro vem o objetivo humano primitivo da busca pelo autoconhecimento, isso é o que leva o desenvolvimento da robótica adiante. Esforçamo-nos para criar robôs que fazem o que é feito por humanos, mas que também é estressante, repetitivo e mecânico.
Quando reproduzimo-nos enquanto tecnologia, fazemos pela mesma razão que construímos bonecas, ursinhos de pelúcia e outros tipos de brinquedos e tecnologia. Nós fazemos isso para entendermos o que realmente nos define enquanto seres humanos em contraste a máquinas e objetos inanimados.
O segundo fator que influencia o desenvolvimento de robôs é a motivação. Ao contrário das outras espécies, os seres humanos aprenderam a construir e usar ferramentas, não para escapar do trabalho enfadonho e fazer menos, mas para liberar recursos que nos permitem realizar mais.
E em quais tarefas os robôs se destacam? Onde faz mais sentido ter a mão humana? É nisso que irei focar na próxima parte dessa história.
